Saturday, January 05, 2008

Madrugada fria

Já eram 5 horas da manhã quando começara a finalizar todas as ações no computador, ligeiramente e bem mal arrumar a mesa do computador, como se fosse enganar alguém, levava copos e pratinhos para a cozinha, e arrumava minha cama para começar a dormir. Quando posso, costumo ir dormir a esta hora, hora que meu pai acorda para trabalhar, pois como sei que ele não gosta de me ver acordado a noite inteira, prefiro fazer isto mesmo. Ultimamente tenho dormido de fone de ouvido e MP3 embaixo do travesseiro. Isso ajuda a relaxar e pegar no sono mais fácil do que costumo, principalmente quando não estou com vontade de dormir.

Verão, dias e noites passamos com um calor insuportável. Eu, então, que não consigo dormir fora de um endredon de malha, que, pra quem não sabe, é quente PRA CARALHO, estou sofrendo demais para cair em sonhos. Neste dia específico, parecia que eu não queria dormir de jeito nenhum, além do fato de ter deitado absolutamente sem sono algum. Me cobria, o calor me forçava a tirar a cobertura, que mais tarde insistia em puxar, e ficava nessa inacabada briga. Não achava nenhuma música que me fizesse relaxar, também pelo fato de não querer dormir. Virava e revirava a cama, não achando nenhuma posição que me confortava. Levanto, lentamente, e com os olhos já acostumados com o escuro, vou à cozinha. Tomo um copo d'água, e volto pra quarto enfrentar, novamente, a mesma luta para dormir.

Após alguns minutos incessantes de luta, olho para o relógio do MP3. Pelo horário, deduzia que os primeiros raios de sol já estavam a clarear a cidade, e resolveria que era, de fato, e sem brigas, hora de dormir. Resolvo abrir novamente a rara exceção de dormir sem a música, e apenas começar a pensar em coisas aleatórias, não dando muita importância para o que poderia vir em minha cabeça. Puxo a coberta até a metade do corpo, onde agradaria gregos e troianos, no caso, meu costume de dormir coberto, e o maldito calor infernal que alastra o país. Isso só reforçava ainda mais quanto eu gosto de frio, e minha vontade de me mudar para um país em continentes ao norte do globo para não sofrer com esse sol.

Começo a pensar nas férias, o que faria no dia seguinte, como faria. Voltava a pensar em um problema e como eu insisto em não seguir o que acho que é certo. Mas tentava não ouvir a multidão de pássaros que piavam ao fundo, em todas as inúmeras as árvores que rodeam meu atual apartamento.

Levanto mais uma vez. Puto, agora. Um passo à direita e abro a porta da sacada. Novamente, com grandes córneas abertas, acostumadas com o escuro. Reajo instantaneamente à claridade, e adentro a sacada, olhando ao céu, já claro, e ouvindo os pássaros novamente. "Se no outro apartamento tínhamos problemas com cachorros da rua e dos apartamentos, nesse teremos com pássaros?! Eu quero dormir, porra! Vou tacar um pé de tênis nas árvores pra ver se espanto esses filadaputa que não me deixam dormir. Humpf...".

Mas o que estava realmente em evidência nessa hora não eram os pássaros, não era o céu claro anunciando um novo dia, e não era eu com aquela cara costumeira cara horrível, mas ainda mais horrível por estar achatada e pequena de um sono que começava a aparecer, e típica de quem sai para o claro depois de uma noite escura e longa. Era, sim, uma brisa muito boa, e fria, de um décimo quinto andar. Eram minhas pernas suadas e meus braços molhados refrescando-se ao passar desse vento que acabava de melhorar minhas frustradas tentativas de dormir. Achei um absurdo como uma breve brisa pode melhorar a respiração e uma noite de sono. Aquilo me recuperou para um sono.

Voltei para a cama, me cobri inteiro, não senti calor nenhum, sonhava com coisas que me agradavam. E ainda não acreditava como aquilo tinha me feito bem.

E tudo isso para 3 horas de sono, sendo que acordei 9 horas para enfrentar uma maldita viagem.