Imparcialidade gamer

Na capa da reviste EGM Brasil do mês de Junho de 2007, a reportagem da capa era sobre o assunto "Pirataria no Brasil". Dizia tudo sobre: como era armada, o que melhorava (logicamente era pouca coisa), o que piorava (logicamente MUITA coisa), e o que podemos fazer, ou deveríamos no caso, para combatê-la. Não foi impressa, ainda, a revista de Julho, mas (escrevam o que digo agora) com certeza terão cartas das pessoas das mais diferentes opiniões, xingando, elogiando ou tentando desmentí-los (os criadores da matéria).
Segundo eles, foram meses de esforço correndo atrás de todos os entrevistados, estatísticas e conteúdo para a matéria ficar completa e detalhada para entrar nas cabeças duras dos leitores (pelo menos os que tem). Geralmente, quando saem matérias assim, existem dois grupos de leitores: os que apoiam, mas no fundo eles sabem que não; e os que não apoiam, mas no fundo eles gostaram. Esses dois grupos ficaram evidentes, e são até hoje, quando a revista lançou um poster de uma mulher semi-nua jogando. A maioria falou que era um insulto, quase exorcizaram os redatores e organizadores da melhor revista de games do país. Outro grupo ficou encarregado de apenas falar: "Ah. Tava legal sim, gente. Continuem assim.".
Os que disseram que era um insulto, APOSTO QUE NÃO FALARAM SÉRIO! Cerca de 80% (chutando longe) dos leitores da revista são homens. Por mais que sejam casados, comprometidos, solteiros, crianças, adolescentes e seja lá o que eles são, NÃO EXISTE homem que não gosta de ver mulher. Pelo amor de meu futuros filhinhos! Como vocês podem reclamar de mulheres semi-nuas nas capas? Pode chegar a ser um insulto sim, e até concordo quando falam que "Se eu quisesse ver mulher pelada, comprava uma Playboy!", mas porra! Era um PRESENTE da revista, e se não gostaram, não estraguem a festa dos que gostaram!
Esse foi apenas UM exemplo da imparcialidade maldita. O exemplo certo do texto, que escreverei agora, é sobre a pirataria. Que atire a primeira pedra da minha fuça quem nunca comprou um game pirata. Estou aberto a pedradas na fuça a partir de agora. Todos nós, gamers, sabemos que no Brasil, o país [de merda] dos impostos, é impossível comprar um game original. O preço é alto, os lugares que vendem também pelo efeito capitalista do lucro, aumentam ainda mais o preço. A maneira de exercer o vício é dando um "jeitinho".
O "jeitinho" é o jogo pirata. Todos somos contra a pirataria, mas todos compramos dela. Eu, verdade seja dita, só compro jogo falso. Quando digo só, é SÓ jogo pirata. De PS2, Gravado, prensado, martelado, copiado, contrabandeado. De tudo quanto é jeito, no StandCenter, se estiver o jogo que eu quero no momento, lá, eu compro, sem pensar duas vezes. É foda querer combater uma coisa, se alimentando dela, né rapaziada? Pois é. Todos fazemos isso, e sabemos muito bem. Até nos deliciamos ao falar com alguém outro que "Já comprou tal jogo" antes de todo mundo. Ou baixa da internet (que também é uma forma de pirataria, para os que não sabem disso), ou compra daquele cara duvidoso na esquina.
A matéria da revista mostra muito bem tudo o que podemos fazer. Eu não farei nada, até que o país faça algo por mim, mas sacrifícios são necessários. Entendo que ajudando a pirataria, o mercado de games no país não vai pra frente, e isso pode refletir até no mercado consumidor real, que esse seria o do exterior, mas quando que o país vai parar de roubar? Quando o país vai me dar o dinheiro necessário, após tanto tempo de trabalho, pra no final do mês poder ir na loja bonitinha, pegar o jogo na caixinha, com manual e plastificado, e não ter que torrar todo o meu salário com UM mísero jogo? E isso se não for mais do que o salário.
Coisas assim forçam-nos a entrar de cabeça na pirataria. Porque eu compraria um jogo por 300, se eu posso comprar exatamente o mesmo por 15 reais, naquele ponto de ônibus que eu pego perto do centro? Parece que o país quer combater a pirataria, a violência, o contrabando, mas fazem de tudo para que peguemos o lado oposto. Forçam-nos exatamente para o contrário.
Porém, digo ainda que a situação esta melhorando. Aplausos para a Microsoft e, principalmente, para o tio Bill que teve a extrema coragem de começar a lançar os produtos da nova geração da Microsoft (lê-se Xbox 360 e derivados do mesmo), oficialmente no Brasil. Isso baixou, certeza, para um preço, NO MÍNIMO, justo os games do Xbox, e agora (com pelo menos o que eu escutei e li por aí) que eles devem lançar uma fábrica e a Xbox Live oficialmente no Brasil, provavelmente o preço ficará ainda mais justo. Pelo menos um motivo para os gamers se orgulharem. "Podemos jogar Halo sem gambiarras". Eu falaria isso orgulhosamente, também.
Agora só falta as outras mega-empresas de concorrência nos games (lê-se Sony e Nintendo) tomarem vergonha na cara, e terem a mesma jogada capitalista que todos têm pelo menos um pingo de noção, como a Microsoft teve. Construam fábricas e lançam produtos oficiais no Brasil também. O mercado eletrônico brasileiro está em ascendência, e deixarão inúmeras pessoas completamente felizes da vida e realizados. Mesmo tendo de enfrentar uma infinidade de leis buracráticas de um país de merda, digo isso, agora, por mim, mas acho que muitas outras pessoas também falarão/concordarão comigo: valerá a pena.
Quando a próxima revista chegar na banca, tenho certeza absoluta que pelo menos 2 cartas serão publicadas, uma falando bem, outra falando mal da matéria. A EGM foi completamente honesta Sobre a realidade que vivemos nesse buraco sem fundo, também conhecido como República Federativa do Brasil. E a realidade é essa. Nós não queremos estragar a indústria de games, mas somos forçados a tal. "Só compro games originais, porque é bonitinho e eu não compro jogo falso porque estraga o videogame" é mentira. Assim como "Ordem e Progresso" não existem, já citei em outro texto.
Parem de palhaçada, gamers. Como um, falo a verdade: eu, nada orgulhoso, alimento [e muito!] a indústria da pirataria. Sem uma conclusão melhor para o texto, vai ser essa mesmo. Tchau.