Thursday, March 27, 2008

Morcegos correm

Agora, numa tentativa talvez frustrada de subir um pouco o astral de tudo aqui, que muito provavelmente terei o prazer de estragar com alguns textos futuros (afinal, meus textos não transbordam felicidade), escreverei um fato bem engraçado que aconteceu há muito tempo comigo. Se bem que o fato de "tempo" é sempre distorcido... Então tá. Aconteceu no segundo semestre do ano passado, antes de setembro, se bem me lembro. E engraçado também para os que vêem. Se acontecesse com você, teria corrido tanto quanto, ou até mais que eu, na hora.

Estava serelepe voltando a pé pra casa. A pé da metade do caminho: tinha descido na estação vila Madalena do metrô, e fui feliz, com a música alta no ouvido, e cansado. Muito cansado. Era de noite já. Se bem me lembro, e eu me lembro porque realmente foi traumatizante, eram umas 7 horas da noite já. E atentem: era noite. O que torna o acontecido pior. E, pela hora, era para eu estar em casa. Então eu tava mais preocupado com o que eu iria ouvir quando eu chegasse em casa do que se eu fosse atropelado.

Tinham vários caminhos pra eu chegar em casa mais rápido. Alguns poucos eram ladeiras. E como pra descer qualquer santo ajuda, sempre escolhia ir rolando ladeira abaixo do que andar em retas planas. Tirando que também nas ladeiras também tinham sombras nas horas de sol. Mas era noite. Mas esse fato ajudou-me a criar o habito de sempre ir pelo mesmo caminho, chuva, sol, ou pregos.

E uma coisa que sempre me chamou muita atenção (costumo observar muito, tudo) foi uma casa, em uma esquina em V, que tinha uma torre enorme, e estava sendo construída ainda. Essa torre tinha aspectos antigos, parecendo castelos medievais, com janelas nos mesmos formatos, e sem um teto definido. A casa inteira, aliás, estava em construção (espero já ter esclarecido isso anteriormente, mas em todo caso, acabo repetindo aqui), e a torre, por sua altura, se desatacava do resto. Até porque a torre estava em concreto, e o resto de uma base que pode se chamar de casa, em tijolinhos. Deveras feio, porque não combinava. Mas não sou decorador, nem arquiteto, nem engenheiro, nem pedreiro. Então me rebaixo à rele posição de transeunte cheio de opiniões.

Ela inteira, por tudo o que já falei, e por alguns outros fatores intensificantes, tinha aspectos sombrios: ela é meio escondida. Apesar de ser em esquina, tem várias árvores cobrindo boa parte da faixada da casa, calçada quebrada, portões pequenos e enferrujados, abandonada e em construção, objetos de construção, tijolos, pedras, sacos de areia e cimento, facilmente vistos entre as frestas do portão, e pombas. É incrível como pombas transformam a aparência de uma casa. Mas lembrem-se que não estamos falando de uma casa normal, estamos falando de um possível laboratório científico macabro, com aspecto de castelo medieval, abandonado ou quem sabe um buraco de minhoca pro Acre. Nunca se sabe.

Ela fica localizada no final do primeiro quarteirão da rua a qual eu descia, então pelo menos na risca do topo da árvore mais baixa ao lado da torre eu ficava, e nesse dia, descendo, avistei COISAS voando. No literal sentido da abreviatura, OVNIs. Eu estava de fone de ouvido, e já sou meio cego, na hora não liguei muito. Eu sempre passava do outro lado da rua. Tamanha era minha distração, que acabei por, nesse dia, passar ao lado da casa, embaxo das árvores que a cercavam. No intervalo de uma das músicas, único momento que conseguia ouvir alguma coisa, ouvi grunhidos agudos. Estranhei muito...

E não é que olho pra cima e tem um MORCEGO ME ATACANDO?! Cacete! Tudo ajudando pra eu nunca mais querer morar naquela casa novamente! Morcegos me atacando em plena 7 horas da noite na rua! Corri como uma gazela fugindo de seus predadores na savana africana às 3:37 de uma tarde de domingo. Porra: morcegos! Morcego é aquela coisa que é automaticamente ligada a um desenho ou a um filme muito antigo, drácula, e essas coisas. Do tipo: "Corre que eles vão te comer vivo, e chupar meu sangue e corre!". A última coisa que eu precisava no dia eram morcegos me atacando.

Agora como diabos aqueles morcegos estavam lá? Três dos vários pareciam soltar um grito de guerra grunhindo muito e atacar minha mochila enquanto eu tentava não tropeçar nas rachaduras da calçada e ser atropelado por algum carro vindo de uma das três ruas adjacentes.

Por sorte escapei vivo de tal ameaça. Mas ainda passo do outro lado da rua, agora, e sempre procuro por morcegos nos galhos quando posso, e a distância. Grande distância.

E de dia.