Wednesday, May 09, 2007

Crueldade é verdade

É permitido, no mundo que nós vivemos, infinitas coisas. Xingar o próximo é uma delas. Sim, o respeito sumiu. E cada vez mais isso fica evidente, quanto mais sincero eu fico. A sinceridade é um dom. Ou uma maldição? Deveria ser considerada um pecado ou uma dádiva? Seguimos o raciocínio: se a verdade é cruel, e a crueldade é ruim, logo a verdade é ruim. Pelo sentido da palavra "ruim", não é uma coisa boa. Se não é uma coisa boa... Bem... Daí por diante.

Atualmente me fiz o favor de ficar mais egoísta, anti-social e estúpido ao adotar uma política de honestidade. Não falaria a mentira, nem poria em prática a falsidade, a não ser que em algum caso extremo, totalmente extremo, alguma das duas forem necessárias. Até o momento não foi. E que continue assim. Mas tenham certeza de que tudo flui com mais naturalidade ao ato de verdade. A revelação de alguma coisa nova é constante, e daí se percebe os que gostam de você de verdade ou não. Só estão ali para a prática do encosto.

Todos temos de aprender a falar um "NÃO!" convictamente na vida. Dias de experiência própria são raros, e hoje foi um deles. E bom ao de hoje foi negar um gole de um determinado líquido do qual sou viciado (não, não é álcool) para um amigo. Amigo não, que se esse fosse o caso, a negação não seria necessária. Mas sim para uma... Conhecida, por assim dizer. Após o quase-educado pedido que saíra de suas cordas vocais, um belo, claro e sonoro "Não" foi dedilhado por mim. Sem dó nem piedade, sem dor no coração e sem nenhum pingo de arrependimento (o gole que seria dado por ela hoje já está no esgoto. E deliciei cada mili-segundo que ele passou pelo sistema digestivo).

Depois de um ato desses, tudo o que você ouve (ou no meu caso ouvi, mas não foi a única pessoa, nem vez): "Nossa que filhadaputa!". A educação antes gasta para pedir uma amostra de meu alimento, agora é desperdiçada em vão no não-tão-vingativo xingamento. Aposto que ela não sentiu o mesmo prazer que eu senti ao negá-la. Nem de longe. E é aí que fica bem claro: se as pessoas gastassem mais tempo pedindo coisas com educação, e menos tempo xingando-as depois, o mundo seria um lugar melhor. Assim como se todos falassem a verdade e se não tivessem guerras. O mundo é belo. Ou não.

Assim como quando um conhecido me perguntou qual a profissão que ele tinha cara. Minha honestidade não foi exercida, mas ela me impediu e me deu a educação de negar me falar meus reais pensamentos, que se não já feriram, poderiam ferir os sentimentos da pequena criatura. Mas claro: quando uma coisa é pra ser assim, assim ela será. Após repetidas palavras de insistência, fui obrigado a desferir minha real opinião do indivíduo. "Cara: você parece um bixeiro. Ou traficante de droga. Mas aí você que sabe...". Diante das características físicas dele, vocês concordariam.

Porém antes de terminar o texto só quero esclarecer umas coisas, vejam bem: tudo foi pura verdade. A verdade que é cruel, não eu. Claro que nessas oportunidades a verdade que me faz ser cruel, mas no fundo, sou uma pessoa boa, de boa índole. A verdade que é cruel, e eu só faço o favor de repassá-la.

Sem contar os benefícios que ser verdadeiro podem trazer para um ser humano. O mesmo, por dizer a crua verdade constrói sua personalidade a partir dela (tudo bem que já era considerado muito ignorante antes disso). Nunca terás fama de falso e não-amigo. E nunca terás problema de faltar um gole na sua Pepsi, quando você precisa dele para se refrescar em um frio de 10,7 graus Celcius.

Obs.: Texto escrito com certo cinismo e ironia. Ainda escrevo um texto sobre "Verdades" decentemente, juro.